A electricidade corre nas veias das casas.
As casas de hoje estão cheias de veias rente aos muros e sob os móveis, como que num corpo que respira.
As casas têm vida electrizada e tudo se acende e pisca. Luzinhas minúsculas verdes, vermelhas e amarelas dizem que as casas estão vivas e dentro delas movem-se seres que acendem e apagam, ligam e desligam, aquecem e arrefecem aparelhos que são o pulsar da vida moderna.
Na vida moderna as casas parecem óvnis, aqueles dos filmes da infância da ficção científica que parecia tão longe que nunca a viveríamos.
As casas de hoje são a ficção científica da nossa infância. As casas de hoje são adultas e têm veias cheias de electricidade. E as crianças de hoje, sem as veias que correm pelas casas, julgariam as salas mudas.
31/05/2010
Rk
« - Bem sei que podem perseguir-me, arrancar-me os olhos, torcer-me as orelhas, transformar-me em lagarto, em morcego, em aranha, em lacrau! Mas juro que não hei-de ser infeliz PORQUE NÃO QUERO.» [Aventuras de João Sem Medo - Panfleto Mágico em forma de Romance, José Gomes Ferreira] «Fica a saber claramente:não trocaria a minha desgraça pela tua servidão.» [Fala de Prometeu, em Prometeu Agrilhoado, Ésquilo]
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Uma fotografia regista aquela fracção de segundo que fica imediatamente colada ao passado.
E desse passado fica-nos a memória, incompleta mas viva, das sensações indeléveis que o momento nos doou: os odores, as paixões, as cores, as palavras, um sorriso, um toque.
E essa memória vai sendo constantemente regenerada pela capacidade que temos de criar; de tornarmos os bons momentos ainda melhores, e os maus em horríveis, ou esquecer.
A fotografia cristaliza a imagem. A memória desenvolve-a, recria, nutre-a.
E de um tópico, que é a imagem, devolvemo-nos a história.
Ando à procura de uma memória que tenho na memória. Ando à procura de uma fotografia que sonhei.
31/05/2010
Rk
E desse passado fica-nos a memória, incompleta mas viva, das sensações indeléveis que o momento nos doou: os odores, as paixões, as cores, as palavras, um sorriso, um toque.
E essa memória vai sendo constantemente regenerada pela capacidade que temos de criar; de tornarmos os bons momentos ainda melhores, e os maus em horríveis, ou esquecer.
A fotografia cristaliza a imagem. A memória desenvolve-a, recria, nutre-a.
E de um tópico, que é a imagem, devolvemo-nos a história.
Ando à procura de uma memória que tenho na memória. Ando à procura de uma fotografia que sonhei.
31/05/2010
Rk
Se
E se
Uma sombra vaga mingua
O fim de um lago em abismo
Uma serra tão antiga se resvala
Se
De um raio de Sol se queda água
De um Verão pleno neva a alma
De um Não te asseveras
E
Um Adeus regressa
De um Sorriso a raiva
Do Amor a praga
E se
Um dia não te Perdes
Não te Sentes
Não Vagueias
E te Descobres
31/05/2010
Rk
Uma sombra vaga mingua
O fim de um lago em abismo
Uma serra tão antiga se resvala
Se
De um raio de Sol se queda água
De um Verão pleno neva a alma
De um Não te asseveras
E
Um Adeus regressa
De um Sorriso a raiva
Do Amor a praga
E se
Um dia não te Perdes
Não te Sentes
Não Vagueias
E te Descobres
31/05/2010
Rk
quinta-feira, 27 de maio de 2010
O silêncio do mar
Que encanto
Quando convivíamos com sereias e tritões
E os nossos mares tinham as partidas
Que eles guardavam
E os marinheiros neles confessavam
E partiam
Quando os pescadores atentos
Escondiam o pescado
Que, por malandrice, os homens-marinhos lhe roubavam
Quando o camponês nas infindáveis horas da labuta
A estancava, não pelo descanso desejado, mas pelo cantar doce da sereia
E no pomar fecundo, pela madrugada, já se lamentava
Pela falta dos frutos já prontos prá colheita
Que jovens tritões à beira-mar
Saboreavam
Sabia-se muito bem que dormiam sobre as rochas
E brincavam na areia durante o amanhecer
E que alguns se acomodaram à vida dos homens
Outros pereceram no mar do silêncio.
E a sereia nunca mais cantou.
Raquel
27/05/10
Quando convivíamos com sereias e tritões
E os nossos mares tinham as partidas
Que eles guardavam
E os marinheiros neles confessavam
E partiam
Quando os pescadores atentos
Escondiam o pescado
Que, por malandrice, os homens-marinhos lhe roubavam
Quando o camponês nas infindáveis horas da labuta
A estancava, não pelo descanso desejado, mas pelo cantar doce da sereia
E no pomar fecundo, pela madrugada, já se lamentava
Pela falta dos frutos já prontos prá colheita
Que jovens tritões à beira-mar
Saboreavam
Sabia-se muito bem que dormiam sobre as rochas
E brincavam na areia durante o amanhecer
E que alguns se acomodaram à vida dos homens
Outros pereceram no mar do silêncio.
E a sereia nunca mais cantou.
Raquel
27/05/10
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