Que encanto
Quando convivíamos com sereias e tritões
E os nossos mares tinham as partidas
Que eles guardavam
E os marinheiros neles confessavam
E partiam
Quando os pescadores atentos
Escondiam o pescado
Que, por malandrice, os homens-marinhos lhe roubavam
Quando o camponês nas infindáveis horas da labuta
A estancava, não pelo descanso desejado, mas pelo cantar doce da sereia
E no pomar fecundo, pela madrugada, já se lamentava
Pela falta dos frutos já prontos prá colheita
Que jovens tritões à beira-mar
Saboreavam
Sabia-se muito bem que dormiam sobre as rochas
E brincavam na areia durante o amanhecer
E que alguns se acomodaram à vida dos homens
Outros pereceram no mar do silêncio.
E a sereia nunca mais cantou.
Raquel
27/05/10
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