O PODER
Por
vezes recordo um episódio que se passou comigo há uns anos atrás, quando os
meus filhos estudavam num colégio, onde estudavam filhos de pessoas comuns, mas
também os de pessoas com Poder – políticos e outros traficantes da miséria
humana que pude observar no seu inchaço infeccioso, germens de nação doente.
Esse colégio
está situado numa quinta de Chelas, estrangulado por quilómetros de bairros de infortúnio
e delinquência que vacilava em redor dos muros da antiga quinta.
Numa
manhã comum, em que fui deixar os meus filhos, conduzia pela avenida que desce uma
das encostas da colina, quando um desses carros do Podeerrrrr me ultrapassou
combativo – a deixar ressaltar a soberba que, de dentro, emanava.
Ultrapassou-me a mim e ao carro “tuning”
que seguia diante do meu.
O
semáforo luziu vermelho e estancou a fúria do “ultrapassante” por imposição da
circulação perpendicular da outra via. Do carro da frente saltaram quatro
desses filhos de Chelas, da miséria, da incúria humana... E aquele diamante da
rodovia foi coberto de escarros, de pontapés, de murros, de injúrias, e o resto
não vi porque o semáforo iluminou-se de verde e contornei aquela luta de
poderes. De quem é o Poder?
Raquel
25/10/2013
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