Trago na mão caneta e papel
Para escrever as palavras que não hão-de ser ditas
Trago na mente as ideias rasgadas
Nos voos nocturnos de sonhos remotos
Trago nas mãos o Nada
Do trabalho arrastado dos dias de Inverno
E os espasmos das horas enganadas
Trago os caminhos na memória esquecida
Em que vi das paisagens o negrume e o ódio
Trago os silêncios amargos
Das conversas nunca encetadas
Trago o Não dos olhares resignados
Dos que perduram
E o luto dos livros queimados
Em que me amortalham.
Trago um gole de vinho acre.
Do solo crestado e estéril
Sem fruto, sem chão, sem vida.
Raquel
31 de Março de 2011
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