VIII – ENCONTRO
No rosto do outro um sorriso como se tivesse uma máscara de argila seca na cara
Estava a ler o jornal e um fulano-tal cumprimenta-o
A conversa de ocasião (igual a todas as outras) começa a jorrar até ao nº do outro piscar no visor onde se lê «senha» e «mesa»
E os números piscam vermelhos e electrónicos por baixo
Assim sabemos que chegou a nossa vez
Todos temos a nossa vez, julgo eu
O fulano-tal fala um monólogo a que o outro acena com a cabeça
Com os olhos pregados nos mosaicos cinzentos salpicados de preto e branco
Que forram o chão
O fulano-tal tem uma imensa desenvoltura a articular conversa-de-ocasião
O outro sorri como se a máscara de argila se tivesse quebrado em lascas
O seu número piscou vermelho.
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