sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O PODER

   Por vezes recordo um episódio que se passou comigo há uns anos atrás, quando os meus filhos estudavam num colégio, onde estudavam filhos de pessoas comuns, mas também os de pessoas com Poder – políticos e outros traficantes da miséria humana que pude observar no seu inchaço infeccioso, germens de nação doente.
   Esse colégio está situado numa quinta de Chelas, estrangulado por quilómetros de bairros de infortúnio e delinquência que vacilava em redor dos muros da antiga quinta.
   Numa manhã comum, em que fui deixar os meus filhos, conduzia pela avenida que desce uma das encostas da colina, quando um desses carros do Podeerrrrr me ultrapassou combativo – a deixar ressaltar a soberba que, de dentro, emanava. Ultrapassou-me a mim e ao carro “tuning” que seguia diante do meu.
   O semáforo luziu vermelho e estancou a fúria do “ultrapassante” por imposição da circulação perpendicular da outra via. Do carro da frente saltaram quatro desses filhos de Chelas, da miséria, da incúria humana... E aquele diamante da rodovia foi coberto de escarros, de pontapés, de murros, de injúrias, e o resto não vi porque o semáforo iluminou-se de verde e contornei aquela luta de poderes. De quem é o Poder?

Raquel

25/10/2013

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