quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Era uma vez uma janela

De uma casa à beira rio

Toda preta e aveludada

De luto como uma carocha

Não era casa era uma rocha


Era uma vez uma guitarrinha

Que todo o dia cantava

A história da carochinha

Toda preta e aveludada


Um chorinho morno bailava

A formiguinha embriagada

Que o carreiro abandonara

Numa manhã de trovoada

Entrara pela janela

Porque a porta estava trancada

Da casa preta e aveludada

Que era uma gruta encantada


E junto da guitarrinha

Dança, dança formiguinha

Que o carreiro abandonara


Era uma vez uma casinha

Toda preta e aveludada

Dali espreita uma janela

Com portadas escancaradas

Para o alto da colina

Onde acena La Fontaine

À formiga bailadeira

Que da guitarra se abeira

Como quem canta uma fábula:

«A formiga no carreiro

Vinha em sentido contrário

Caiu ao Tejo, caiu ao Tejo...»


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