sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

VIII – ENCONTRO

No rosto do outro um sorriso como se tivesse uma máscara de argila seca na cara

Estava a ler o jornal e um fulano-tal cumprimenta-o

A conversa de ocasião (igual a todas as outras) começa a jorrar até ao nº do outro piscar no visor onde se lê «senha» e «mesa»

E os números piscam vermelhos e electrónicos por baixo

Assim sabemos que chegou a nossa vez

Todos temos a nossa vez, julgo eu

O fulano-tal fala um monólogo a que o outro acena com a cabeça

Com os olhos pregados nos mosaicos cinzentos salpicados de preto e branco

Que forram o chão

O fulano-tal tem uma imensa desenvoltura a articular conversa-de-ocasião

O outro sorri como se a máscara de argila se tivesse quebrado em lascas

O seu número piscou vermelho.

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