segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Poema para ilustração de Sara Franco: Silêncio

Fecha-se a porta
Instala-se o silêncio
Fico.
Estática
Tombada
Na ausência do sofá da sala
O gelo penetra o corpo inerte
No medo antecipado da solidão.
Depois dos gritos e do calor da ira
Fico.
Contra as paredes quietas
Imóvel na estranheza
Da sala sem vida
Um breve instante
Tudo se altera
Se confunde
Se dispersa
Um rasgo de memória
Entrecortado por uma lágrima morna que se solta
Que arde lentamente
Até ao queixo
O cigarro sucumbe no cinzeiro
O fumo sobe
Adia-se o tempo.

Sem comentários: