quinta-feira, 27 de maio de 2010

O silêncio do mar

Que encanto
Quando convivíamos com sereias e tritões
E os nossos mares tinham as partidas
Que eles guardavam

E os marinheiros neles confessavam
E partiam

Quando os pescadores atentos
Escondiam o pescado
Que, por malandrice, os homens-marinhos lhe roubavam

Quando o camponês nas infindáveis horas da labuta
A estancava, não pelo descanso desejado, mas pelo cantar doce da sereia

E no pomar fecundo, pela madrugada, já se lamentava
Pela falta dos frutos já prontos prá colheita
Que jovens tritões à beira-mar
Saboreavam

Sabia-se muito bem que dormiam sobre as rochas
E brincavam na areia durante o amanhecer

E que alguns se acomodaram à vida dos homens
Outros pereceram no mar do silêncio.

E a sereia nunca mais cantou.

Raquel
27/05/10

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